sexta-feira, 21 de maio de 2010

Diretor da semana: Ridley Scott


Com Robin Hood invadindo todos os cinemas e ainda abrindo o Festival de Cannes, nada mais justo que reconhecer o talento de Ridley Scott como o nosso diretor da semana.

Sua obra revela que ele é um artista do seu tempo...

Mesmo que este tempo seja o passado em guerras como Cruzadas e grandes guerreiros como Gladiador...ou o presente em conflitos como o de Falcão Negro em Perigo e na irreverência de Thelma e Louise...ou mesmo o futuro de Alien - o 8o passageiro e do clássico de ficção Blade Runner.



quarta-feira, 19 de maio de 2010

Parte de um roteiro: Trainspotting

EXT. STREET - DAY

Legs run along the pavement. They are Mark Renton's.Just ahead of him is Spud. They are both belting along.As they travel, various objects (pens, tapes, CDs, toiletries, ties, sunglasses, etc.) either fall or are
discarded from inside their jackets.
They are pursued by two hard-looking Store Detectives in identical uniforms. The men are fast, but Renton and Spud maintain their lead.

RENTON (V.O.)
Choose life. Choose a job. Choose a career. Choose a family, Choose a fucking big television, Choose washing machines, cars, compact disc players, and electrical tin openers.

Suddenly, as Renton crosses a road, a car skids to a halt, inches from him.

In a moment of detachment he stops and looks at the shockeddriver, then at Spud, who has continued running, then at the Two Men, who are now closing in on him.

He smiles.

INT. SWANNEY'S FLAT ROOM - DAY

In a bare, dingy room, Renton lies on the floor, alone, motionless and drugged.

RENTON (V.O.)
Choose good health, low cholesterol and dental insurance. Choose fixed-interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Enquanto isso, em Cannes...

....o festival está rolando com os filmes abaixo na competição oficial:
(em negrito aqueles que mais tenho expectativa)



ANOTHER YEAR Realizado por Mike LEIGH
BIUTIFUL Realizado por Alejandro GONZÁLEZ IÑÁRRITU
COPIE CONFORME (CERTIFIED COPY) Realizado por Abbas KIAROSTAMI
DES HOMMES ET DES DIEUX (OF GODS AND MEN) Realizado por Xavier BEAUVOIS
FAIR GAME Realizado por Doug LIMAN
HORS LA LOI (OUTSIDE OF THE LAW) Realizado por Rachid BOUCHAREB
LA NOSTRA VITA (OUR LIFE) Realizado por Daniele LUCHETTI
LA PRINCESSE DE MONTPENSIER  Realizado por Bertrand TAVERNIER
LUNG BOONMEE RALUEK CHAT Realizado por Apichatpong WEERASETHAKUL
OUTRAGE Realizado por Takeshi KITANO
POETRY Realizado por LEE Chang-dong
RIZHAO CHONGQING (CHONGQING BLUES) Realizado por WANG Xiaoshuai
ROUTE IRISH Realizado por Ken LOACH
SCHASTYE MOE (MY JOY) Realizado por Sergei LOZNITSA
SZELÍD TEREMTÉS - A FRANKENSTEIN TERV Realizado por Kornél MUNDRUCZÓ
THE HOUSEMAID Realizado por IM Sangsoo
TOURNÉE (ON TOUR) Realizado por Mathieu AMALRIC (Destaque na Foto)
UN HOMME QUI CRIE (A screaming man) Realizado por Mahamat-Saleh HAROUN
THE EXODUS - Burnt by the sun 2 Realizado por Nikita MIKHALKOV

Vamos ver o que sai de bom desta seleção. Lembrando que a abertura foi com Robin Hood do Ridley Scott, o encerramenro tem Charlotte Gainsbourg e no recheio foi exibido o novo de Woody Allen

domingo, 16 de maio de 2010

Coisas para se fazer ao sair do cinema : Doutor Parnassus

1 - Dar menos bola para sua imaginação...
2 - ...mas não deixar de perseguir seus sonhos
3 - Observar com mais atenção a real intenção dos filantropos
4 - Não fazer promessas que não poderão ser cumpridas
5 - Vender bem o seu produto como fez o personagem de Heath Leadger com a viagem para o outro lado do espelho
6 - Nunca trocar algo que seja valioso para você pela promessa de um amor eterno, principalmente se esse algo for a vida eterna...
7 - ...e entender que se a vida fosse eterna mesmo, talvez não tivesse muito sentido
8 - Andar sempre com uma flauta no bolso para o caso de alguém tentar de enforcar...rs!
9 - Saber que a vida é sempre de onde se está para frente, como fez a personagem de Lily Cole no final
10- Voltar sempre ao cinema

sábado, 15 de maio de 2010

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus (2009)

Esses filme veio aliviar minha mente após as atrocidades de "Alice". Terry Gilliam e seu Doutor Parnassus nos apresentou um país das maravilhas muito mais atraente que o de Tim Burton. As cores e as viajens oníricas deste filme são incríveis. Acho uma pena que tantos infortúnios atrapalhem os projetos de Terry Gilliam, como os probelmas com "Dom Quixote", vide post abaixo, e a morte de Haeth Ledger durante as filmagens deste filme que falamos agora. O diretor é muito talentoso e tem muita coisa a dizer, não merecia tantos problemas.

Mas iremos por partes, como sempre...

Direção
Como ia dizendo, o cara sabe muito bem o que faz. Ele confere ao filme um tom quase felliniano, uma mistura de circo com mundo dos sonhos. É claro, por perder o ator principal no meio de tudo, dá pra gente sentir uns saltos meio estranhos na montagem, mas ao mesmo tempo, a saída de utilizar outros três atores para complementar o papel foi algo genial.

Roteiro
Charles McKeown é o parceiro que deu certo para Terry Gilliam, juntos fizeram o roteiro dos melhores trabalhos do diretor, como "Brazil, o filme" , por exemplo. Desta vez, eles criaram uma história fabulosa, com críticas bem feitas ä sociedade do consumo e aos objetivos que temos na vida. Comprar sapatos ou ajudar as crianças pobre? Exatamente o que você quer fazer da sua vida? São perguntas que o roteiro levanta de forma sutil, sem precisar ser nenhum manifesto contra cultura. Eu gosto disso. Mas tenho que reconhecer que umas coisas ficam meio perdidas: afinal, Tony era culpado ou inocente das acusações de trafegar orgãos de crianças? Como Valentina passou a viver outra vida sem nenhuam referência ao mundo imaginário? Ficou meio confuso no final e como neste filme existe uma solução que deve ser dada, acho que o roteiro ficou devendo um pouco.

Elenco
Constata-se mais uma vez, depois do Coringa do último Batman, que Heath Ledger é uma perda lastimável para a sétima arte. Mesmo com o quebra cabeça de cenas que o diretor montou para salvar o filme, percebemos que ele é o elemento mais vivo do elenco. Os demais cumprem sua função, embora meio embaralhados pelos atropelos da produção. Personagens importantes como o de Christopher Plummer e o de Andrew Garfield parecem mal aproveitados pelos atores que são muito bons em minha opnião. Acho que um lorde do cinema como Plummer e um jovem talento como Garfield poderiam ter feito mais. A estranhamente bela Lily Cole (que por curiosidade já foi Alice um dia, risos!), foge do tipo de interpretação com caras e bocas que as modelos que viram atriz fazem. Ela vive sua personagem e sugere bons trabalhos para o futuro. Johnny Deep, Jude Law e Collin Farrel são presenças gratas, deixam a tela com muito brilho quando aparecem e com a disponibilidade de terminar o filme no local de Ledger, nos lembram que existe um grupo de pessoas sensíveis produzindo cinema, apesar da máquina comercial.

Fotografia
Nicola Pecorini é outro cúmplice das viajens de Terry Gilliam. Nos melhores filmes do diretor foi ele que deu forma as imagens surreais que precisavam ser geradas. Neste, ele faz o que eu considero o melhor de seus trabalhos. No plano da imaginação, do outro lado espelho, as cores e os símbolos que dão vida aos sonhos das pessoas são muito bem orquestrados, e do lado de cá do espelho, o trabalho não fica atrás, aquela cena na ponye é plasticamente muito bonita.

Figurino
Chegamos agora a um ponto que eu adorei.  Na ou no mundo real, o trabalho de Monique Prudhomme é muito bom. Lily Cole é sempre diva em suas mãos e Heath ledger um dândi sedutor. O mix dos elementos de comédia del'arte com o visual da idade média deixam o figurino ousado e lúdico. Ah, a função de reconhecermos os outros três atores pela roupa do personagem de Tony é bem cumprida, sinal de que toda a folia de tecidos tem por trás uma mente pensante.

É isso.

Até a próxima sessão em partes!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Terry Gilliam - Perdido em La Mancha

                              
Nosso diretor da semana é bem conhecido como azarão e ,sobre isso, vale conferir a dica que tirei do site da Erika Palomino:

"Perdido em La Mancha" - Keith Fulton & Louis Pepe ("Lost In La Mancha", Inglaterra, 2000) - "Perdido em la Mancha" oferece uma situação inusitada: um making-of de um filme que ainda não foi lançado. Em setembro de 2000, quando os câmeras começaram a rodar a adaptação de Terry Gilliam para Dom Quixote, a produção já contabilizava dez anos de projeto e duas tentativas frustradas de dar início às filmagens. Como um Quixote contemporâneo, o visionário Gilliam se mostra habituado a enfrentar a força descomunal dos dragões hollywoodianos. Tem início um excitante diálogo entre o filme de Gilliam e o "un-making of" "Perdido em La Mancha", que inclui toda sorte de desastres, desde uma inundação que afeta os equipamentos à doença que impossibilita o ator protagonista de trabalhar. Com narração de Jeff Bridges e participação de Johnny Depp, Vanessa Paradis, Terry Guilliam e Jean Rochefort.

Comentário feito em 2002 quando o documentário veio para a Mostra BR de Cinema -Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Diretor da semana: Terry Gilliam

As devidas reverências a Terry Gilliam pela estréia de O mundo imaginário do Doutor Parnassus

Os cartazes de seus melhores momentos, da esquerda para direita, de cima para baixo:
1 – os integrantes do Monty Python , grupo do qual ele fazia parte, Em busca do cálice sagrado
2 – o futurista Brazil, o filme que nada tem a ver com nosso país, para informação
3 – Robin Willians e Jeff Brigdes em O pescador de ilusões
4 – Brad Pitt dando uma virada na sua carreira de galã em Os 12 macacos
5 – cartaz artístico para filme estranho: Tideland
6 – os astros Matt Damon e Heath Ledger nos contos de fadas dos Irmãos Grimm

                        

Coisas para se fazer ao sair do cinema: Alice no país das maravilhas

                             
1 – Nunca seguir alguém que está muito atrasado, você pode cair em qualquer buraco
2 – Encontrar um espaço para reflexão sempre que precisar tomar uma decisão difícil,é sempre uma boa saída (ainda que este lugar seja o país das maravilhas),...
3 –...mas lembrar de voltar para a realidade e encarar seus problemas sempre que você tiver passado tempo suficiente por lá...
4– ...e saber que as vezes nada se altera enquanto você esteve fora, simplesmente é assim.
5 – Saber que ser grande ou ser pequeno podem ter diferentes utilidades a partir da situação que você vive
6 – Usar chapéus e também alguns acessórios que possam se transformar em um traje completo para o caso de você ficar minúsculo
7 - Ter alguns cuidados com segurança quando estiver na cozinha com alguém muito atrapalhado
8 – Ponderar sempre, “cortem a cabeça” quase nunca é uma decisão inteligente
9 – Não criar mais expectativas com adaptações para o cinema de livros que você gostou
10 - Respeitar os erros dos outros, ainda que seja o Tim Burton quem errou

Parte de um livro que não foi para o cinema

                           

Um dos trechos de Alice que gosto muito e que infelizmente não apareceu no filme de Tim Burton:

Alice e a lagarta

A Lagarta e Alice olharam-se uma para outra por algum tempo em silêncio: por fim, a Lagarta tirou o narguilé da boca, e dirigiu-se à menina com uma voz lânguida, sonolenta.
"Quem é você?", perguntou a Lagarta.
Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: "Eu - eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento - pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então.

"O que você quer dizer com isso?", perguntou a Lagarta severamente. "Explique-se!"

"Eu não posso explicar-me, eu receio, Senhora", respondeu Alice, "porque eu não sou eu mesma, vê?"

"Eu não vejo", retomou a Lagarta.

"Eu receio que não posso colocar isso mais claramente", Alice replicou bem polidamente, "porque eu mesma não consigo entender, para começo de conversa, e ter tantos tamanhos diferentes em um dia é muito confuso."

"Não é", discordou a Lagarta.

"Bem, talvez você não ache isso ainda", Alice afirmou, "mas quando você transformar-se em uma crisálida - você irá algum dia, sabe - e então depois disso em uma borboleta, eu acredito que você irá sentir-se um pouco estranha, não irá?"

"Nem um pouco", disse a Lagarta.

"Bem, talvez seus sentimentos possam ser diferentes", finalizou Alice, "tudo o que eu sei é: é muito estranho para mim.

Alice no país das maravilhas (2010)


Frustração,...

...frustração...

...e frustracão.


Não há outra palavra para definir o sentimento após ter assistido a versão de Tim Burton para o clássico de Lewis Carrol.

Antes é preciso contextualizar uma coisa: já li e reli Alice umas cinco vezes, tenho uma ligação particular coma história por uma série de fatos pessoais e acho que o simbolismo e a mensagem filosófica por trás da história de Alice são sensacionais.

Infelizmente, a produção que foi para o cinema é pobre de conteúdo, faz a Alice parecer um Harry Porter de cabelos dourados e trata um clássico infantil como um jogo de video game cheio de espadas e dragões.

Mantendo a tradição, vamos por partes...

Direção
O traço forte de Tim Burton está bem claro neste filme (ou seria bem escuro, em se tratando dele? risos!) e quero acreditar que vem da influência dos produtores a desgraça de tudo. Não consigo crer que o cara que dirigiu "Swenney Toddy" e "Ed Wood" foi o mesmo desta "Alice", não faz sentido. Como disse, as imagens características de seus filmes estão todas presentes, a bizarrice, o esquisito, o sombrio...mas dessa vez fica tudo sem função pois parece que toda a genialidade de Tim Burton está suportando um produto de pouca qualidade.

Roteiro
Aí está o grande problema. Como alguém transforma algo tão bonito em uma aventura do tipo "caverna do dragão"? Até a lagarta virou o "Mestre dos magos", gente? Que bobagem! E aquele final? Alice como uma executiva visionária e empreendedora era tudo o que eu não imaginava. Sem comentários.

Elenco
Helena Boham-Carter e Johnny Deep, como sempre, são as melhores coisas de qualquer filme que eles participem. Ela ainda mais que ele, devvo admitor. A Rainha de Copas é o que tem de mais interessante entre os personagens, ela é louca, histérica, engraçada e muito bem caracterizada. OVhapeleiro maluco de Deep é também muito bom, as vezes meio Michael Jackson, mas bem cosntruído com certeza. Mia Wasikowska faz uma Alice sem gracinha, não tem o olhar ingenuio da criança, nem a garra da guereira, mas não compromete nada também. Passa sem problemas.

Fotografia / Figurino
Desta vez, decidi falar das duas partes de uma vez pois é tudo tão bem sintonizado que não há como falar de um sem citar o outro e vice-versa. Tudo está incrível: as roupas, os cenários, a fotografia, todo o trabalho de direção de arte é primoroso, na melhor tradição de Tim Burton, maravilhoso. São as imagens coloridas e vivas que fzem o filme ainda valer a pena.

É isso aí.

Até a próxima sessão em partes.

domingo, 9 de maio de 2010

Coisas para se fazer ao sair do cinema: Brideshead

                            
1 - Entender o quanto seus pais fazem você se mover no mundo, para agradá-los ou desagradá-los,...
2 -...e agradecer por eles terem te educado com a liberdade necessária para você ser quem você quer ser e também por te darem um beijo antes de você sair de casa para morar em outra cidade.
3 - Saber que não é o fato de você acreditar ou não em Deus que te faz uma pessoa melhor, mas a razão pela qual você acredita ou não nele (se você não acredita simplemente para desafiar os pais, não faz sentido)
4 - Manter uma relação saudável com seu lar original, foi lá que tudo começou
5 - Perceber que, se uma pessoa gosta de você, não importa se você está com um câncer ou quebrou um simples ossinho do pé, ela vai sim atravessar uma cidade inteira para ficar contigo
6 - Esperar o momento certo para ficar com quem você gosta, e isso pode durar dez anos pelo menos,...
7 - ...mas não deixar sua vida parar por isso e não deixar de se encantar com os outros
8 - Constatar que, às vezes, as pessoas mais pobres do mundo são aquelas que não possuem nada mais que apenas dinheiro
9 - Visitar Veneza para uma grande experiência cultural e romântica e as florestas da América do Sul para um mergulho em busca de si mesmo
10 - Voltar sempre ao cinema

sábado, 8 de maio de 2010

By the way: Brideshead

Já foi adaptado para a TV Americana em 1981 e tinha Jeremy Irons como protagonista.

A julgar pelas imagens (curiously!), a versão de trinta anos atrás era bem menso conservadora que a atual, não acham?


Na esquerda o cartaz do filme que falei abaixo e na direita a capa do box com a minisérie para a TV.

Brideshead - Desejo e Poder (2008)

                     
O subtítulo deste filme, "Desejo e poder", deixa claro que ele está sendo distribuído como mais um do estilo Jane Austen de ser. E é isso mesmo que ele é. Mas cabe observar que, embora Evelyn Waugh, autor britânico que escreveu o livro que deu origem ao filme, seja bem menos poético que a escritora da era georgiana, é também menos conservador e ,por retratar um outro momento social, já no século XX, tem também mais espaço para ser irônico, crítico e explorar aspectos como homossexualidade, crença em Deus e relações psicológicas, muito além dos conflitos de classe de Jane Austen.

Assim como "Razão e sensibilidade", "Orgulho e preconceito" e "Desejo e reparação", "Desejo e poder" segue a linha de dramas familiares centrados em jovens aristocratas que não sabem lidar com as limitações sociais da época em que vivem. Podemos acrescentar "A duquesa" também ao grupo.

Por partes...

Direção
É o primeiro filme de Julian Jarrold que assisto e apesar de seu trabalho não ser nada incrível, nada mesmo, me despertou interesse suficiente para querer ver um outro filme dele, "Amor e inicência", sobre a vida de...adivinhem quem?...Jane Austen, claro, comprovando minha teoria sobre filme de estilo definido. Em "Brideshead", temos uma direção meio confusa com três aberturas que antecipam sequências do final, mas que não acrescentam muita coisa à narrativa por terem sido postas no início. Há uma subutilização das locações, sobretudo da mansão que dá título ao nome. Pelo que entendi na história, Brideshead, a mansão, era quase um personagem vivo na história e, na verdade, tudo que se faz no filme com ela é exibicionismo da imponência de seu pé-direito e de suas estátuas clássicas. Fora as explícitas e mal feitas intervenções digitais em sequências como as do navio, por exemplo. Gostei muito pouco.

Roteiro
Não li o livro para saber o quanto os roteiristas foram fiíeis ou não,embora hoje eu acredite que isso importa pouco, o importante é manter a essência da obra original e saber adaptar o que está em literatura para a linguagem do cinema. E a sensação que tenho é que isso foi bem feito. Todas as referências para se entender o contexto da história são passadas, as falas possuem o tom de que foram feitas para serem lidas e passaram por sutis modificações para adquirir o aspecto coloquial das falas. Os personagens são bem desenhados, mas acho que poderia ser melhor aproveitados, sobretudo Sebastian e sua mãe. Esse é u único "senão" ao roteiro, no resto, tudo me parece adequado.

Elenco
Adoro o trio de jovens atores, sobretudo os garotos. Matthew Goode e Hayley Atwell são woodyallenianos e seus rostos ainda serão vistos com muita freqüência pela frente, tenho certeza. Ela mais pela beleza e carisma que pelo talento em si, é verdade, ele, por tudo, incluindo pela capacidade de dar personalidade aos tipos que faz, como em "Match Point" e agora aqui, em "Brideshead". Ben Wishaw, o terceiro e mais polêmico personagem do trio, é feito por um ator que decididamente tem muito futuro, a julgar por este trabalho e por "Perfume". Aqui ele faz um dândi homossexual e problemático, as vezes quase estereotipado, mas com o toque certo dos maneirismos para deixar clara a marca do papel e não exagerar na afetação. Para coroar o elenco, Emma Thmpson, dura e firme como a matriarca católica e controladora  de Brideshead, deixa saudades quando desaparece no meio da história. Nada como uma grande atriz para preencher os espaços deixados por atores mais jovens e menos experientes.

Fotografia
Jess Hall é um diretor de fotografia para comerciais de TV que possui um ótimo currículo no cinema também. Isto dito para se entender que as imagens produzidas em "Brideshead" são sim bonitas, mas antes de tudo são funcionais, feitas para causar a impressão correta em cada espectador. Há algum problema nisso? Não de todo, eu penso. Por um lado, me incomoda saber que as imagens são menos artísticas e poéticas do que objetivas e programadas para causar efeito, mas por outro, acho digno de mérito conseguir aliar a estética do comercial, do produto, com a da apreciação artística. Funciona bem, embora pareça artificial as vezes.

Figurino
Adorei. É elegante, é condizente com o perfil dos personagens, tem função nas cenas, retrata bem a época, só tens pontos positivos. Eimer Ni Mhaoldomhnaigh, essa criatura de nome estranho, tem um talento incrível, já havia visto seu trabalho antes em "Café da manhã em plutão" e já tinha gostado muito.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Woody Allen em Cannes

Sobre o fato dele ser o diretor da semana, cabe mais uma informação ilustrativa: estréia no Festival de Cannes neste mês mais um de seus filmes, cujo título é "You will meet a tall dark stranger", com Josh Brolin, Naomi Watts e Antonio Banderas

Já imaginaram como será o título em português?...risos!

Vamos aguardar...

Diretor da semana: Woody Allen

Antes que a semana termine, a devida homenagem a Woody Allen, quando mais um bom filme seu chegar aos cinemas: Tudo pode dar certo.
Acima, ele com Mira Sorvino em Poderosa Afrodite. Abaixo , alguns de seus melhores momentos:


De cima para baixo, da esquerda para direita:

1 - Ao lado de Diane Keaton em Annie Hall, na cidade de Manhatan no filme homônimo e cena de Hannah e suas irmãs
2 - Mia Farrow sonha em A rosa purpura do Cairo, uma volta no tempo em A era do rádio e Diane West enchendo a tela em Tiros na Brodway
3 - Flertando com Julia Roberts em Veneza no filme Todos dizem eu te amo, Di Caprio causando em Celebridade e o streeptease hipnotico de Charlize Theron em O segredo do escorpião de Jade
4 - Scarlet Johansson seduz Johnathan Ryes Myers em Londres no Match Point, depois faz o mesmo em Barcelona, mas com o casal Javier Bardem e Penélope Cruz, em Vick Cristina Barcelona, e por fim, o novo filme, Tudo pode dar certo

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Cannes 2010

Já viram o cartaz do Festival de Cannes 2010? Achei muito bonito...também com a Juliete Binoche posando, o que não ficaria lindo? Acho ela demais: so cult, so french !

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Parte de um roteiro: Bastardos inglórios

                        
The explosion causes the huge chandelier from Versailles to topple from its jury-rigged placement and CRASH onto the audience below . . .

ONSCREEN THE GIANT FACE OF SHOSANNA finishes her WAR CRY.

SHOSANNA’S GIANT FACE

My name is Shosanna Dreyfus, and this is the face of Jewish vengeance! Marcel, BURN IT DOWN!

BEHIND THE SCREEN

Marcel takes his cigarette and FLICKS IT into the pile of nitrate film.

ONSCREEN SHOSANNA’S GIANT FACE LAUGHS MANIACALLY at the scrambling little Nazis, running in a panic, as FLAMES LIKE OUT OF A GIANT BLAST FURNACE BURST THROUGH SHOSANNA’S FACE and CLIMB UP THE WALLS of the cinema.

The AUDIENCE STAMPEDES toward the exits . . .HIRSCHBERGwith bomb set on ankle, is caught in a massive “Day of the Locust” SWARM OF BODIES . . .

People frantically pound on locked doors, trapping them to their grizzly fate.

The FLAMES and FIRE spread through the auditorium . . .Hirschberg, caught in the people crunch, knows this is it.

HIS ANKLE BOMB GOES OFF right underneath everybody in the room.

The effect this has on the people in the room is very similarto that of the effect an M-80 blowing up in an ant hill would have on the ants. The auditorium is a literal red rain of legs, arms, heads, torsos, and asses.

THEN . . . ,DONOWITZ’S TOILET BOMB BLOWS UP UNDERNEATH the auditorium.

COLLAPSING THE CINEMA AND BLOWING OUT THE FRONT OF THE THEATER.

As MADAME MIMEUX’S CINEMA BURNS . . .

These SUBTITLES APPEAR ONSCREEN as if on a military

teletype:

“OPERATION KINO A COMPLETE SUCCESS.”

FADE OUT

Coisas para se fazer ao sair do cinema: Soul kitchen

                              
1 – Cuidar mais da coluna
2 – Inspecionar a cozinha do restaurante em que vai comer
3 – Ouvir mais música e dançar muito
4 – Mandar quem não te ama pra China, mesmo que ela já esteja lá
5 – Pagar um seguro saúde
6 – Entender que amigos do passado não são sempre amigos do presente
7 – Nunca assinar uma procuração de poderes ilimitados para ninguém
8 – Acreditar que as vezes pode se ter azar no jogo e no amor ao mesmo tempo
9 – Valorizar mais a comida contemporânea
10 – Voltar sempre ao cinema

A parte que se ouve: Soul kitchen

Gostei muito da soundtrack deste filme, por isso segue...


"The SOUL KITCHEN SOUNDTRACK CD was also released in Italy, Turkey and Greece - in Greece, where the film is running extraordinarily well in the cinema, the double album has just entered the top 10, selling more copies than 50 Cent and the Black Eyed Peas! In Germany the soundtrack has now sold more than 10,000 copies. In March, the double CD will be published in France and Belgium, and in April in Spain."

Ouçam um pouco e conheças mais aqui

Soul kitchen (2009)

               
"Soul Kitchen" é o tipo de filme feito para fazer você sair do cinema com o astral em cima. É engraçado, (tem momentos bem pastelão até como as dores na coluna do protagonista), romântico, dinâmico e possui um grupo de personagens que faz o lado rebelde da gente ser provocado.Um jovem idealista e meio deslocado dos padrões com uma namorada auto-centrada e objetiva. Um presidiário condicional tentando se reenquadrar na sociedade. Uma garçonete sensual e livre para as experiências da vida. E mais um bando de loosers que se contrapõem aos outros caras "do sistema" que estão concentrados em fazer negócios e se dar bem.

E na interação entre todos estes tipos, ficou para mim a reflexão de que estamos ainda precisando muito de alma para sermos melhores, o tal soul do título falta muito e não é só na cosinha. A alma é o que diferencia os personagens neste filme, seja na cozinha do chef que não suporta os pratos serem tratados com vulgaridade ou na relação que o dono do restaurante tem com o espaço que é dele. É a capacidade de imprimirmos alma que faz com que transformemos as coisas ao nosso redor e que com isso nos transformemos também.

Mas vamos por partes:

Direção
Fatih Akin, alemão de ascendescencia turca, é um diretor que tenho ouvido falar a algum tempo mas ainda não tinha me disposto a ver nenhum filme dele. Vendo "Soul kitchen" percebi que ele é um cara que merece atenção. Talvez não seja necessariamente a revelação do cinema nos últimos anos, nem traga uma grande inovação em linguagem ou técnica, mas é com certeza um artista que tem seu valor. Neste filme, ele elabora uma crítica ao "capitalismo sem alma" sem cair no discurso político chato e consegue fazer um filme inteligente com o mínimo de apelo comercial. Claro, ser inteligente e ser comercial ao mesmo tempo é sempre muito complicado, nem todo mundo é Woody Allen, mas entendo que ele conseguiu um equilíbrio entre estes dois pontos. No mais, para ser sincero, nada me desperta muito em seu trabalho, talvez quando eu assitir "Do outro lado" e "Contra parede", seus filmes anteriores eu possa analisar mais. Destaco o visual de cartazes e as reeferências pop que circulam no filme.

Roteiro
Os próprios diretor e ator principal do filme são responsáveis pelo roteiro, o que dá maior identidade ao texto. Ou seja, não existem muitos intervalos de compreensão entre o que foi escrito e o que está sendo exposto nas telas, não existem muitas cebeças entre a concepção e a execução, entendem? Tudo é feito pelas mesmas "almas". E estas almas sabem jogar muito bem com os personagens que criaram e as situações que estes vivenciam. O roteiro cria um ambiente delicioso para os atores se jogarem, recheado com elementos pop como música e gastronomia e depois merglhado no cenário frio que é Hamburgo no inverno. O texto tem referências cults o tempo inteiro, mas fico em dúvida se todo mundo na Europa realmente leu o "Conde de Monte Cristo"como fica sugerido, enfim.

Elenco
O elenco em conjunto é bem legal, mas isoladamente não vejo algo especial em nenhum deles. Acho que estão todos bem em suas posições, mas ninguém me cativa ou me chama atenção acima da média, talvez com exceção de Biro Unel que faz o chef de cozinha e é responsável pelas cenas e textos masi interessantes do filme. O protagonista Adam Bousdoukos é engraçado e neurótico como o personagem realmnete deve ser, mas é o que se pode esperar dele uma vez que o próprio escreveu o texto. Moritz Bleibtreu , que faz o irmão presidiário, tem muita presença em cena, mas isto também se deve a sua vasta experiência, de todos ele é a estrela maior do grupo, já tendo participado de filmes como "Munique"de Spielberg, por exemplo. As mulheres são lindas, com destaque para os lindos olhos de Anna Berdeke que faz a garçonete, e dão conta do recado. Espero que todos eles aproveitem o filme como passaporte para outras produções e façam mais no futuro, espero mesmo isso.

Fotografia
Rainer Klausmann  é o cara quando se fala em fotografia no cinema alemão nos últimos anos. Esteve em quase todos os filmes e em cada um deles fez um trabalho bem particular. Em "Soul kitchen" ele faz um trabalho muito bom  quando contraõe o mundo do restaurante e seus habitantes vicerais contra o mundo dos engravatados e bem comportados. Para o primeiro, cores mais quentes, iluminação escura, calor com sensação de sufocamento,  já para o segundo, tons de cinza iluminados, frieza e ambiente de solidão. Observando com calma, acho que a fotografia é a melhor coisa desse filme, viu?

Figurino
Adorei essa parte. Todos são vestidos com irreverência e personalidade. Dos ternos mega-bem-cortados dos executivos às roupas de brechó dos habitantes da Soul kitchen, fica tudo muito coerente com a proposta. Pelo que li, a figurinista Katrin Aschendorf é mais uma da turminha do diretor pois participou de todos os seus filmes.

É isso.
Então até a próxima sessão em partes!