segunda-feira, 28 de junho de 2010

De repente na TV


...passava um filme do qual  eu não tinha o menor registro: Um nome na lista de Oliver parker, diretor do qual eu nunca vi nenhum filme mas que sempre trabalha com elencos maravilhosas e roteiros interessantes.

Neste, ele conta uma passagem de Orson Welles por Roma se envolvendo com uma investigação criminosa. Tem Danny Huston, Paz Vega, Diego Luna e Christopher Walken. Interessante, não é?

domingo, 27 de junho de 2010

O mágico de Oz com Michael Jackson

E como todos estão neste momento Tributo a Michael - Um ano sem você, vai aqui a minha singela contribuição a esta causa com uma imagem da versão negra de O mágico de Oz.

Michael Jackson é o espantalho e Diana Ross é a Dorothy com seu cãozinho!


Sex and the city 2

Para quem é fã das "meninas" como eu, vê-las mais uma vez na tela grande é uma grande alegria. Estava super ansioso para ver este filme e sabia que independente do que fosse feito eu iria gostar pelo simples prazer do reencontro.

Mas ainda com toda essa condescendência, não pude deixar de me incomodar com um "que" de besteirol que eles quiseram imprimir ao filme. Eles abriram mão do humor inteligente em troca de soluções apasteladas como fazê-las fugir de burca de Abu Dahbi e aquela piada infame comparando o sexo de Charlotte com uma pata de camelo.

Esse filme é bem mais fraco que o primeiro e não é digno da série que o baseia, apenas o contentamento de fã para justificar eu ter gostado.

Em partes...

Direção e Roteiro
Michael Patrick King não é um cara de cinema e sim de TV. Ele foi responsável por ótimos episódios da série e talvez seja mesmo a melhor pessoa para levar a continuação da série no cinema. No primeiro filme ele acertou bem, mas neste, como já disse, perdeu muito o espírito da coisa e quase tornou-se desrespeitoso ao histórico. Este não é o tipo de filme que se espere uma direção arrojada, mas podia pelo menos ter sido mais sensível. A minha expectativa é que as versões para o cinema elevassem a série e não diminuissem como foi este caso.

Elenco
Elas continuam maravilhosas. Pena que desta vez o texto não favoreceu os personagens para elas brilharem mais ainda. Os demais atores são apenas peças de cenário para as quatro garotas de Nova York. Diferente da direção, elas foram muito coerentes com a interpretação que deram durante toda a série e souberam mostrar como Carrie e suas amigas seriam quando mais maduras.

Fotografia
John Thomas é outro que vem da série, na qual sempre fez uma fotografia com efeito de zoom sobre as personagens. Explicando melhor: é como se as imagens fossem abertas sobre Nova York e aos poucos se fechassem na intimidade de cada uma das garotas, no apartamentos, restaurantes, boites e todos os espaços que faziam parte do cotidiano delas. Neste segundo filme, acho que ele se perde um pouco pois é preciso registrar o deserto e paisagens maiores, o que não tem necessariamente a ver com a proposta da série e o trabalho fica sem identidade. Gostei mais ou menos.

Figurino
Este sempre foi um dos pontos fortes da série. E se Patricia Field não decepciona como os demais envolvidos, também não encanta. Chega mesmo a ter excessos como aquele visual da Carrie com uma saia bufante para fazer compras no mercado de especiarias e os péssimos looks das garotas nos anos 80 (aliás, para que mesmo aqueles flashbacks no filme? Dispensáveis!)

É isso.

Até a próxima sessão em partes.

sábado, 12 de junho de 2010

Lista da semana:10 CASAIS QUE EU ADORO (Especialmente para o dia de hoje)

"- A gente devia ser como o pessoal do filme, poder cortar as partes chatas da vida, poder evitar os acontecimentos!Num é?!?!"   - frase de Lisbela e o Prisioneiro              


1 - Pombinhos como erm Lisbela e o Prisioneiro (em destaque pela citação)
2 - Muito bem (ou muito mal) resolvidos de Antes do Por do Sol e Antes do Amanhecer
3 - De estação como em 500 dias com ela
4 - Super-heróis dos quadrinhos em Homem-aranha (Adoro este beijo!)
5 - Cowboys de Brokeback Mountain
6 - Eternos em Romeu e Julieta de Zefirelli
7 - Clássicos chiques em Bonequinha de luxo (ever, ever and ever)
8 - Criminosos em Bonny and Clide - Uma rejada de balas
9 - Neuróticos em Annie Hall
10 - Atemporais de Em algum lugar do passado

Este post teve a carinhosa contribuição de Ademilson Cabral (Amigo, não sobrou espaço para A casa do lago..risos!...mas sua contribuição foi valiosa.Abs!)

sexta-feira, 4 de junho de 2010

De repente na TV...

...assisti ao final de "O paciente inglês" novamente.

Ouvi a frase abaixo e achei que era o motivo que eu precisava para voltar a atualizar o blog após mais de dez dias:

"All I ever wanted was a world without maps." — Michael Ondaatje

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Diretor da semana: Ridley Scott


Com Robin Hood invadindo todos os cinemas e ainda abrindo o Festival de Cannes, nada mais justo que reconhecer o talento de Ridley Scott como o nosso diretor da semana.

Sua obra revela que ele é um artista do seu tempo...

Mesmo que este tempo seja o passado em guerras como Cruzadas e grandes guerreiros como Gladiador...ou o presente em conflitos como o de Falcão Negro em Perigo e na irreverência de Thelma e Louise...ou mesmo o futuro de Alien - o 8o passageiro e do clássico de ficção Blade Runner.



quarta-feira, 19 de maio de 2010

Parte de um roteiro: Trainspotting

EXT. STREET - DAY

Legs run along the pavement. They are Mark Renton's.Just ahead of him is Spud. They are both belting along.As they travel, various objects (pens, tapes, CDs, toiletries, ties, sunglasses, etc.) either fall or are
discarded from inside their jackets.
They are pursued by two hard-looking Store Detectives in identical uniforms. The men are fast, but Renton and Spud maintain their lead.

RENTON (V.O.)
Choose life. Choose a job. Choose a career. Choose a family, Choose a fucking big television, Choose washing machines, cars, compact disc players, and electrical tin openers.

Suddenly, as Renton crosses a road, a car skids to a halt, inches from him.

In a moment of detachment he stops and looks at the shockeddriver, then at Spud, who has continued running, then at the Two Men, who are now closing in on him.

He smiles.

INT. SWANNEY'S FLAT ROOM - DAY

In a bare, dingy room, Renton lies on the floor, alone, motionless and drugged.

RENTON (V.O.)
Choose good health, low cholesterol and dental insurance. Choose fixed-interest mortgage repayments. Choose a starter home. Choose your friends.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Enquanto isso, em Cannes...

....o festival está rolando com os filmes abaixo na competição oficial:
(em negrito aqueles que mais tenho expectativa)



ANOTHER YEAR Realizado por Mike LEIGH
BIUTIFUL Realizado por Alejandro GONZÁLEZ IÑÁRRITU
COPIE CONFORME (CERTIFIED COPY) Realizado por Abbas KIAROSTAMI
DES HOMMES ET DES DIEUX (OF GODS AND MEN) Realizado por Xavier BEAUVOIS
FAIR GAME Realizado por Doug LIMAN
HORS LA LOI (OUTSIDE OF THE LAW) Realizado por Rachid BOUCHAREB
LA NOSTRA VITA (OUR LIFE) Realizado por Daniele LUCHETTI
LA PRINCESSE DE MONTPENSIER  Realizado por Bertrand TAVERNIER
LUNG BOONMEE RALUEK CHAT Realizado por Apichatpong WEERASETHAKUL
OUTRAGE Realizado por Takeshi KITANO
POETRY Realizado por LEE Chang-dong
RIZHAO CHONGQING (CHONGQING BLUES) Realizado por WANG Xiaoshuai
ROUTE IRISH Realizado por Ken LOACH
SCHASTYE MOE (MY JOY) Realizado por Sergei LOZNITSA
SZELÍD TEREMTÉS - A FRANKENSTEIN TERV Realizado por Kornél MUNDRUCZÓ
THE HOUSEMAID Realizado por IM Sangsoo
TOURNÉE (ON TOUR) Realizado por Mathieu AMALRIC (Destaque na Foto)
UN HOMME QUI CRIE (A screaming man) Realizado por Mahamat-Saleh HAROUN
THE EXODUS - Burnt by the sun 2 Realizado por Nikita MIKHALKOV

Vamos ver o que sai de bom desta seleção. Lembrando que a abertura foi com Robin Hood do Ridley Scott, o encerramenro tem Charlotte Gainsbourg e no recheio foi exibido o novo de Woody Allen

domingo, 16 de maio de 2010

Coisas para se fazer ao sair do cinema : Doutor Parnassus

1 - Dar menos bola para sua imaginação...
2 - ...mas não deixar de perseguir seus sonhos
3 - Observar com mais atenção a real intenção dos filantropos
4 - Não fazer promessas que não poderão ser cumpridas
5 - Vender bem o seu produto como fez o personagem de Heath Leadger com a viagem para o outro lado do espelho
6 - Nunca trocar algo que seja valioso para você pela promessa de um amor eterno, principalmente se esse algo for a vida eterna...
7 - ...e entender que se a vida fosse eterna mesmo, talvez não tivesse muito sentido
8 - Andar sempre com uma flauta no bolso para o caso de alguém tentar de enforcar...rs!
9 - Saber que a vida é sempre de onde se está para frente, como fez a personagem de Lily Cole no final
10- Voltar sempre ao cinema

sábado, 15 de maio de 2010

O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus (2009)

Esses filme veio aliviar minha mente após as atrocidades de "Alice". Terry Gilliam e seu Doutor Parnassus nos apresentou um país das maravilhas muito mais atraente que o de Tim Burton. As cores e as viajens oníricas deste filme são incríveis. Acho uma pena que tantos infortúnios atrapalhem os projetos de Terry Gilliam, como os probelmas com "Dom Quixote", vide post abaixo, e a morte de Haeth Ledger durante as filmagens deste filme que falamos agora. O diretor é muito talentoso e tem muita coisa a dizer, não merecia tantos problemas.

Mas iremos por partes, como sempre...

Direção
Como ia dizendo, o cara sabe muito bem o que faz. Ele confere ao filme um tom quase felliniano, uma mistura de circo com mundo dos sonhos. É claro, por perder o ator principal no meio de tudo, dá pra gente sentir uns saltos meio estranhos na montagem, mas ao mesmo tempo, a saída de utilizar outros três atores para complementar o papel foi algo genial.

Roteiro
Charles McKeown é o parceiro que deu certo para Terry Gilliam, juntos fizeram o roteiro dos melhores trabalhos do diretor, como "Brazil, o filme" , por exemplo. Desta vez, eles criaram uma história fabulosa, com críticas bem feitas ä sociedade do consumo e aos objetivos que temos na vida. Comprar sapatos ou ajudar as crianças pobre? Exatamente o que você quer fazer da sua vida? São perguntas que o roteiro levanta de forma sutil, sem precisar ser nenhum manifesto contra cultura. Eu gosto disso. Mas tenho que reconhecer que umas coisas ficam meio perdidas: afinal, Tony era culpado ou inocente das acusações de trafegar orgãos de crianças? Como Valentina passou a viver outra vida sem nenhuam referência ao mundo imaginário? Ficou meio confuso no final e como neste filme existe uma solução que deve ser dada, acho que o roteiro ficou devendo um pouco.

Elenco
Constata-se mais uma vez, depois do Coringa do último Batman, que Heath Ledger é uma perda lastimável para a sétima arte. Mesmo com o quebra cabeça de cenas que o diretor montou para salvar o filme, percebemos que ele é o elemento mais vivo do elenco. Os demais cumprem sua função, embora meio embaralhados pelos atropelos da produção. Personagens importantes como o de Christopher Plummer e o de Andrew Garfield parecem mal aproveitados pelos atores que são muito bons em minha opnião. Acho que um lorde do cinema como Plummer e um jovem talento como Garfield poderiam ter feito mais. A estranhamente bela Lily Cole (que por curiosidade já foi Alice um dia, risos!), foge do tipo de interpretação com caras e bocas que as modelos que viram atriz fazem. Ela vive sua personagem e sugere bons trabalhos para o futuro. Johnny Deep, Jude Law e Collin Farrel são presenças gratas, deixam a tela com muito brilho quando aparecem e com a disponibilidade de terminar o filme no local de Ledger, nos lembram que existe um grupo de pessoas sensíveis produzindo cinema, apesar da máquina comercial.

Fotografia
Nicola Pecorini é outro cúmplice das viajens de Terry Gilliam. Nos melhores filmes do diretor foi ele que deu forma as imagens surreais que precisavam ser geradas. Neste, ele faz o que eu considero o melhor de seus trabalhos. No plano da imaginação, do outro lado espelho, as cores e os símbolos que dão vida aos sonhos das pessoas são muito bem orquestrados, e do lado de cá do espelho, o trabalho não fica atrás, aquela cena na ponye é plasticamente muito bonita.

Figurino
Chegamos agora a um ponto que eu adorei.  Na ou no mundo real, o trabalho de Monique Prudhomme é muito bom. Lily Cole é sempre diva em suas mãos e Heath ledger um dândi sedutor. O mix dos elementos de comédia del'arte com o visual da idade média deixam o figurino ousado e lúdico. Ah, a função de reconhecermos os outros três atores pela roupa do personagem de Tony é bem cumprida, sinal de que toda a folia de tecidos tem por trás uma mente pensante.

É isso.

Até a próxima sessão em partes!

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Terry Gilliam - Perdido em La Mancha

                              
Nosso diretor da semana é bem conhecido como azarão e ,sobre isso, vale conferir a dica que tirei do site da Erika Palomino:

"Perdido em La Mancha" - Keith Fulton & Louis Pepe ("Lost In La Mancha", Inglaterra, 2000) - "Perdido em la Mancha" oferece uma situação inusitada: um making-of de um filme que ainda não foi lançado. Em setembro de 2000, quando os câmeras começaram a rodar a adaptação de Terry Gilliam para Dom Quixote, a produção já contabilizava dez anos de projeto e duas tentativas frustradas de dar início às filmagens. Como um Quixote contemporâneo, o visionário Gilliam se mostra habituado a enfrentar a força descomunal dos dragões hollywoodianos. Tem início um excitante diálogo entre o filme de Gilliam e o "un-making of" "Perdido em La Mancha", que inclui toda sorte de desastres, desde uma inundação que afeta os equipamentos à doença que impossibilita o ator protagonista de trabalhar. Com narração de Jeff Bridges e participação de Johnny Depp, Vanessa Paradis, Terry Guilliam e Jean Rochefort.

Comentário feito em 2002 quando o documentário veio para a Mostra BR de Cinema -Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Diretor da semana: Terry Gilliam

As devidas reverências a Terry Gilliam pela estréia de O mundo imaginário do Doutor Parnassus

Os cartazes de seus melhores momentos, da esquerda para direita, de cima para baixo:
1 – os integrantes do Monty Python , grupo do qual ele fazia parte, Em busca do cálice sagrado
2 – o futurista Brazil, o filme que nada tem a ver com nosso país, para informação
3 – Robin Willians e Jeff Brigdes em O pescador de ilusões
4 – Brad Pitt dando uma virada na sua carreira de galã em Os 12 macacos
5 – cartaz artístico para filme estranho: Tideland
6 – os astros Matt Damon e Heath Ledger nos contos de fadas dos Irmãos Grimm

                        

Coisas para se fazer ao sair do cinema: Alice no país das maravilhas

                             
1 – Nunca seguir alguém que está muito atrasado, você pode cair em qualquer buraco
2 – Encontrar um espaço para reflexão sempre que precisar tomar uma decisão difícil,é sempre uma boa saída (ainda que este lugar seja o país das maravilhas),...
3 –...mas lembrar de voltar para a realidade e encarar seus problemas sempre que você tiver passado tempo suficiente por lá...
4– ...e saber que as vezes nada se altera enquanto você esteve fora, simplesmente é assim.
5 – Saber que ser grande ou ser pequeno podem ter diferentes utilidades a partir da situação que você vive
6 – Usar chapéus e também alguns acessórios que possam se transformar em um traje completo para o caso de você ficar minúsculo
7 - Ter alguns cuidados com segurança quando estiver na cozinha com alguém muito atrapalhado
8 – Ponderar sempre, “cortem a cabeça” quase nunca é uma decisão inteligente
9 – Não criar mais expectativas com adaptações para o cinema de livros que você gostou
10 - Respeitar os erros dos outros, ainda que seja o Tim Burton quem errou

Parte de um livro que não foi para o cinema

                           

Um dos trechos de Alice que gosto muito e que infelizmente não apareceu no filme de Tim Burton:

Alice e a lagarta

A Lagarta e Alice olharam-se uma para outra por algum tempo em silêncio: por fim, a Lagarta tirou o narguilé da boca, e dirigiu-se à menina com uma voz lânguida, sonolenta.
"Quem é você?", perguntou a Lagarta.
Não era uma maneira encorajadora de iniciar uma conversa. Alice retrucou, bastante timidamente: "Eu - eu não sei muito bem, Senhora, no presente momento - pelo menos eu sei quem eu era quando levantei esta manhã, mas acho que tenho mudado muitas vezes desde então.

"O que você quer dizer com isso?", perguntou a Lagarta severamente. "Explique-se!"

"Eu não posso explicar-me, eu receio, Senhora", respondeu Alice, "porque eu não sou eu mesma, vê?"

"Eu não vejo", retomou a Lagarta.

"Eu receio que não posso colocar isso mais claramente", Alice replicou bem polidamente, "porque eu mesma não consigo entender, para começo de conversa, e ter tantos tamanhos diferentes em um dia é muito confuso."

"Não é", discordou a Lagarta.

"Bem, talvez você não ache isso ainda", Alice afirmou, "mas quando você transformar-se em uma crisálida - você irá algum dia, sabe - e então depois disso em uma borboleta, eu acredito que você irá sentir-se um pouco estranha, não irá?"

"Nem um pouco", disse a Lagarta.

"Bem, talvez seus sentimentos possam ser diferentes", finalizou Alice, "tudo o que eu sei é: é muito estranho para mim.

Alice no país das maravilhas (2010)


Frustração,...

...frustração...

...e frustracão.


Não há outra palavra para definir o sentimento após ter assistido a versão de Tim Burton para o clássico de Lewis Carrol.

Antes é preciso contextualizar uma coisa: já li e reli Alice umas cinco vezes, tenho uma ligação particular coma história por uma série de fatos pessoais e acho que o simbolismo e a mensagem filosófica por trás da história de Alice são sensacionais.

Infelizmente, a produção que foi para o cinema é pobre de conteúdo, faz a Alice parecer um Harry Porter de cabelos dourados e trata um clássico infantil como um jogo de video game cheio de espadas e dragões.

Mantendo a tradição, vamos por partes...

Direção
O traço forte de Tim Burton está bem claro neste filme (ou seria bem escuro, em se tratando dele? risos!) e quero acreditar que vem da influência dos produtores a desgraça de tudo. Não consigo crer que o cara que dirigiu "Swenney Toddy" e "Ed Wood" foi o mesmo desta "Alice", não faz sentido. Como disse, as imagens características de seus filmes estão todas presentes, a bizarrice, o esquisito, o sombrio...mas dessa vez fica tudo sem função pois parece que toda a genialidade de Tim Burton está suportando um produto de pouca qualidade.

Roteiro
Aí está o grande problema. Como alguém transforma algo tão bonito em uma aventura do tipo "caverna do dragão"? Até a lagarta virou o "Mestre dos magos", gente? Que bobagem! E aquele final? Alice como uma executiva visionária e empreendedora era tudo o que eu não imaginava. Sem comentários.

Elenco
Helena Boham-Carter e Johnny Deep, como sempre, são as melhores coisas de qualquer filme que eles participem. Ela ainda mais que ele, devvo admitor. A Rainha de Copas é o que tem de mais interessante entre os personagens, ela é louca, histérica, engraçada e muito bem caracterizada. OVhapeleiro maluco de Deep é também muito bom, as vezes meio Michael Jackson, mas bem cosntruído com certeza. Mia Wasikowska faz uma Alice sem gracinha, não tem o olhar ingenuio da criança, nem a garra da guereira, mas não compromete nada também. Passa sem problemas.

Fotografia / Figurino
Desta vez, decidi falar das duas partes de uma vez pois é tudo tão bem sintonizado que não há como falar de um sem citar o outro e vice-versa. Tudo está incrível: as roupas, os cenários, a fotografia, todo o trabalho de direção de arte é primoroso, na melhor tradição de Tim Burton, maravilhoso. São as imagens coloridas e vivas que fzem o filme ainda valer a pena.

É isso aí.

Até a próxima sessão em partes.

domingo, 9 de maio de 2010

Coisas para se fazer ao sair do cinema: Brideshead

                            
1 - Entender o quanto seus pais fazem você se mover no mundo, para agradá-los ou desagradá-los,...
2 -...e agradecer por eles terem te educado com a liberdade necessária para você ser quem você quer ser e também por te darem um beijo antes de você sair de casa para morar em outra cidade.
3 - Saber que não é o fato de você acreditar ou não em Deus que te faz uma pessoa melhor, mas a razão pela qual você acredita ou não nele (se você não acredita simplemente para desafiar os pais, não faz sentido)
4 - Manter uma relação saudável com seu lar original, foi lá que tudo começou
5 - Perceber que, se uma pessoa gosta de você, não importa se você está com um câncer ou quebrou um simples ossinho do pé, ela vai sim atravessar uma cidade inteira para ficar contigo
6 - Esperar o momento certo para ficar com quem você gosta, e isso pode durar dez anos pelo menos,...
7 - ...mas não deixar sua vida parar por isso e não deixar de se encantar com os outros
8 - Constatar que, às vezes, as pessoas mais pobres do mundo são aquelas que não possuem nada mais que apenas dinheiro
9 - Visitar Veneza para uma grande experiência cultural e romântica e as florestas da América do Sul para um mergulho em busca de si mesmo
10 - Voltar sempre ao cinema

sábado, 8 de maio de 2010

By the way: Brideshead

Já foi adaptado para a TV Americana em 1981 e tinha Jeremy Irons como protagonista.

A julgar pelas imagens (curiously!), a versão de trinta anos atrás era bem menso conservadora que a atual, não acham?


Na esquerda o cartaz do filme que falei abaixo e na direita a capa do box com a minisérie para a TV.

Brideshead - Desejo e Poder (2008)

                     
O subtítulo deste filme, "Desejo e poder", deixa claro que ele está sendo distribuído como mais um do estilo Jane Austen de ser. E é isso mesmo que ele é. Mas cabe observar que, embora Evelyn Waugh, autor britânico que escreveu o livro que deu origem ao filme, seja bem menos poético que a escritora da era georgiana, é também menos conservador e ,por retratar um outro momento social, já no século XX, tem também mais espaço para ser irônico, crítico e explorar aspectos como homossexualidade, crença em Deus e relações psicológicas, muito além dos conflitos de classe de Jane Austen.

Assim como "Razão e sensibilidade", "Orgulho e preconceito" e "Desejo e reparação", "Desejo e poder" segue a linha de dramas familiares centrados em jovens aristocratas que não sabem lidar com as limitações sociais da época em que vivem. Podemos acrescentar "A duquesa" também ao grupo.

Por partes...

Direção
É o primeiro filme de Julian Jarrold que assisto e apesar de seu trabalho não ser nada incrível, nada mesmo, me despertou interesse suficiente para querer ver um outro filme dele, "Amor e inicência", sobre a vida de...adivinhem quem?...Jane Austen, claro, comprovando minha teoria sobre filme de estilo definido. Em "Brideshead", temos uma direção meio confusa com três aberturas que antecipam sequências do final, mas que não acrescentam muita coisa à narrativa por terem sido postas no início. Há uma subutilização das locações, sobretudo da mansão que dá título ao nome. Pelo que entendi na história, Brideshead, a mansão, era quase um personagem vivo na história e, na verdade, tudo que se faz no filme com ela é exibicionismo da imponência de seu pé-direito e de suas estátuas clássicas. Fora as explícitas e mal feitas intervenções digitais em sequências como as do navio, por exemplo. Gostei muito pouco.

Roteiro
Não li o livro para saber o quanto os roteiristas foram fiíeis ou não,embora hoje eu acredite que isso importa pouco, o importante é manter a essência da obra original e saber adaptar o que está em literatura para a linguagem do cinema. E a sensação que tenho é que isso foi bem feito. Todas as referências para se entender o contexto da história são passadas, as falas possuem o tom de que foram feitas para serem lidas e passaram por sutis modificações para adquirir o aspecto coloquial das falas. Os personagens são bem desenhados, mas acho que poderia ser melhor aproveitados, sobretudo Sebastian e sua mãe. Esse é u único "senão" ao roteiro, no resto, tudo me parece adequado.

Elenco
Adoro o trio de jovens atores, sobretudo os garotos. Matthew Goode e Hayley Atwell são woodyallenianos e seus rostos ainda serão vistos com muita freqüência pela frente, tenho certeza. Ela mais pela beleza e carisma que pelo talento em si, é verdade, ele, por tudo, incluindo pela capacidade de dar personalidade aos tipos que faz, como em "Match Point" e agora aqui, em "Brideshead". Ben Wishaw, o terceiro e mais polêmico personagem do trio, é feito por um ator que decididamente tem muito futuro, a julgar por este trabalho e por "Perfume". Aqui ele faz um dândi homossexual e problemático, as vezes quase estereotipado, mas com o toque certo dos maneirismos para deixar clara a marca do papel e não exagerar na afetação. Para coroar o elenco, Emma Thmpson, dura e firme como a matriarca católica e controladora  de Brideshead, deixa saudades quando desaparece no meio da história. Nada como uma grande atriz para preencher os espaços deixados por atores mais jovens e menos experientes.

Fotografia
Jess Hall é um diretor de fotografia para comerciais de TV que possui um ótimo currículo no cinema também. Isto dito para se entender que as imagens produzidas em "Brideshead" são sim bonitas, mas antes de tudo são funcionais, feitas para causar a impressão correta em cada espectador. Há algum problema nisso? Não de todo, eu penso. Por um lado, me incomoda saber que as imagens são menos artísticas e poéticas do que objetivas e programadas para causar efeito, mas por outro, acho digno de mérito conseguir aliar a estética do comercial, do produto, com a da apreciação artística. Funciona bem, embora pareça artificial as vezes.

Figurino
Adorei. É elegante, é condizente com o perfil dos personagens, tem função nas cenas, retrata bem a época, só tens pontos positivos. Eimer Ni Mhaoldomhnaigh, essa criatura de nome estranho, tem um talento incrível, já havia visto seu trabalho antes em "Café da manhã em plutão" e já tinha gostado muito.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Woody Allen em Cannes

Sobre o fato dele ser o diretor da semana, cabe mais uma informação ilustrativa: estréia no Festival de Cannes neste mês mais um de seus filmes, cujo título é "You will meet a tall dark stranger", com Josh Brolin, Naomi Watts e Antonio Banderas

Já imaginaram como será o título em português?...risos!

Vamos aguardar...

Diretor da semana: Woody Allen

Antes que a semana termine, a devida homenagem a Woody Allen, quando mais um bom filme seu chegar aos cinemas: Tudo pode dar certo.
Acima, ele com Mira Sorvino em Poderosa Afrodite. Abaixo , alguns de seus melhores momentos:


De cima para baixo, da esquerda para direita:

1 - Ao lado de Diane Keaton em Annie Hall, na cidade de Manhatan no filme homônimo e cena de Hannah e suas irmãs
2 - Mia Farrow sonha em A rosa purpura do Cairo, uma volta no tempo em A era do rádio e Diane West enchendo a tela em Tiros na Brodway
3 - Flertando com Julia Roberts em Veneza no filme Todos dizem eu te amo, Di Caprio causando em Celebridade e o streeptease hipnotico de Charlize Theron em O segredo do escorpião de Jade
4 - Scarlet Johansson seduz Johnathan Ryes Myers em Londres no Match Point, depois faz o mesmo em Barcelona, mas com o casal Javier Bardem e Penélope Cruz, em Vick Cristina Barcelona, e por fim, o novo filme, Tudo pode dar certo

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Cannes 2010

Já viram o cartaz do Festival de Cannes 2010? Achei muito bonito...também com a Juliete Binoche posando, o que não ficaria lindo? Acho ela demais: so cult, so french !

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Parte de um roteiro: Bastardos inglórios

                        
The explosion causes the huge chandelier from Versailles to topple from its jury-rigged placement and CRASH onto the audience below . . .

ONSCREEN THE GIANT FACE OF SHOSANNA finishes her WAR CRY.

SHOSANNA’S GIANT FACE

My name is Shosanna Dreyfus, and this is the face of Jewish vengeance! Marcel, BURN IT DOWN!

BEHIND THE SCREEN

Marcel takes his cigarette and FLICKS IT into the pile of nitrate film.

ONSCREEN SHOSANNA’S GIANT FACE LAUGHS MANIACALLY at the scrambling little Nazis, running in a panic, as FLAMES LIKE OUT OF A GIANT BLAST FURNACE BURST THROUGH SHOSANNA’S FACE and CLIMB UP THE WALLS of the cinema.

The AUDIENCE STAMPEDES toward the exits . . .HIRSCHBERGwith bomb set on ankle, is caught in a massive “Day of the Locust” SWARM OF BODIES . . .

People frantically pound on locked doors, trapping them to their grizzly fate.

The FLAMES and FIRE spread through the auditorium . . .Hirschberg, caught in the people crunch, knows this is it.

HIS ANKLE BOMB GOES OFF right underneath everybody in the room.

The effect this has on the people in the room is very similarto that of the effect an M-80 blowing up in an ant hill would have on the ants. The auditorium is a literal red rain of legs, arms, heads, torsos, and asses.

THEN . . . ,DONOWITZ’S TOILET BOMB BLOWS UP UNDERNEATH the auditorium.

COLLAPSING THE CINEMA AND BLOWING OUT THE FRONT OF THE THEATER.

As MADAME MIMEUX’S CINEMA BURNS . . .

These SUBTITLES APPEAR ONSCREEN as if on a military

teletype:

“OPERATION KINO A COMPLETE SUCCESS.”

FADE OUT

Coisas para se fazer ao sair do cinema: Soul kitchen

                              
1 – Cuidar mais da coluna
2 – Inspecionar a cozinha do restaurante em que vai comer
3 – Ouvir mais música e dançar muito
4 – Mandar quem não te ama pra China, mesmo que ela já esteja lá
5 – Pagar um seguro saúde
6 – Entender que amigos do passado não são sempre amigos do presente
7 – Nunca assinar uma procuração de poderes ilimitados para ninguém
8 – Acreditar que as vezes pode se ter azar no jogo e no amor ao mesmo tempo
9 – Valorizar mais a comida contemporânea
10 – Voltar sempre ao cinema

A parte que se ouve: Soul kitchen

Gostei muito da soundtrack deste filme, por isso segue...


"The SOUL KITCHEN SOUNDTRACK CD was also released in Italy, Turkey and Greece - in Greece, where the film is running extraordinarily well in the cinema, the double album has just entered the top 10, selling more copies than 50 Cent and the Black Eyed Peas! In Germany the soundtrack has now sold more than 10,000 copies. In March, the double CD will be published in France and Belgium, and in April in Spain."

Ouçam um pouco e conheças mais aqui

Soul kitchen (2009)

               
"Soul Kitchen" é o tipo de filme feito para fazer você sair do cinema com o astral em cima. É engraçado, (tem momentos bem pastelão até como as dores na coluna do protagonista), romântico, dinâmico e possui um grupo de personagens que faz o lado rebelde da gente ser provocado.Um jovem idealista e meio deslocado dos padrões com uma namorada auto-centrada e objetiva. Um presidiário condicional tentando se reenquadrar na sociedade. Uma garçonete sensual e livre para as experiências da vida. E mais um bando de loosers que se contrapõem aos outros caras "do sistema" que estão concentrados em fazer negócios e se dar bem.

E na interação entre todos estes tipos, ficou para mim a reflexão de que estamos ainda precisando muito de alma para sermos melhores, o tal soul do título falta muito e não é só na cosinha. A alma é o que diferencia os personagens neste filme, seja na cozinha do chef que não suporta os pratos serem tratados com vulgaridade ou na relação que o dono do restaurante tem com o espaço que é dele. É a capacidade de imprimirmos alma que faz com que transformemos as coisas ao nosso redor e que com isso nos transformemos também.

Mas vamos por partes:

Direção
Fatih Akin, alemão de ascendescencia turca, é um diretor que tenho ouvido falar a algum tempo mas ainda não tinha me disposto a ver nenhum filme dele. Vendo "Soul kitchen" percebi que ele é um cara que merece atenção. Talvez não seja necessariamente a revelação do cinema nos últimos anos, nem traga uma grande inovação em linguagem ou técnica, mas é com certeza um artista que tem seu valor. Neste filme, ele elabora uma crítica ao "capitalismo sem alma" sem cair no discurso político chato e consegue fazer um filme inteligente com o mínimo de apelo comercial. Claro, ser inteligente e ser comercial ao mesmo tempo é sempre muito complicado, nem todo mundo é Woody Allen, mas entendo que ele conseguiu um equilíbrio entre estes dois pontos. No mais, para ser sincero, nada me desperta muito em seu trabalho, talvez quando eu assitir "Do outro lado" e "Contra parede", seus filmes anteriores eu possa analisar mais. Destaco o visual de cartazes e as reeferências pop que circulam no filme.

Roteiro
Os próprios diretor e ator principal do filme são responsáveis pelo roteiro, o que dá maior identidade ao texto. Ou seja, não existem muitos intervalos de compreensão entre o que foi escrito e o que está sendo exposto nas telas, não existem muitas cebeças entre a concepção e a execução, entendem? Tudo é feito pelas mesmas "almas". E estas almas sabem jogar muito bem com os personagens que criaram e as situações que estes vivenciam. O roteiro cria um ambiente delicioso para os atores se jogarem, recheado com elementos pop como música e gastronomia e depois merglhado no cenário frio que é Hamburgo no inverno. O texto tem referências cults o tempo inteiro, mas fico em dúvida se todo mundo na Europa realmente leu o "Conde de Monte Cristo"como fica sugerido, enfim.

Elenco
O elenco em conjunto é bem legal, mas isoladamente não vejo algo especial em nenhum deles. Acho que estão todos bem em suas posições, mas ninguém me cativa ou me chama atenção acima da média, talvez com exceção de Biro Unel que faz o chef de cozinha e é responsável pelas cenas e textos masi interessantes do filme. O protagonista Adam Bousdoukos é engraçado e neurótico como o personagem realmnete deve ser, mas é o que se pode esperar dele uma vez que o próprio escreveu o texto. Moritz Bleibtreu , que faz o irmão presidiário, tem muita presença em cena, mas isto também se deve a sua vasta experiência, de todos ele é a estrela maior do grupo, já tendo participado de filmes como "Munique"de Spielberg, por exemplo. As mulheres são lindas, com destaque para os lindos olhos de Anna Berdeke que faz a garçonete, e dão conta do recado. Espero que todos eles aproveitem o filme como passaporte para outras produções e façam mais no futuro, espero mesmo isso.

Fotografia
Rainer Klausmann  é o cara quando se fala em fotografia no cinema alemão nos últimos anos. Esteve em quase todos os filmes e em cada um deles fez um trabalho bem particular. Em "Soul kitchen" ele faz um trabalho muito bom  quando contraõe o mundo do restaurante e seus habitantes vicerais contra o mundo dos engravatados e bem comportados. Para o primeiro, cores mais quentes, iluminação escura, calor com sensação de sufocamento,  já para o segundo, tons de cinza iluminados, frieza e ambiente de solidão. Observando com calma, acho que a fotografia é a melhor coisa desse filme, viu?

Figurino
Adorei essa parte. Todos são vestidos com irreverência e personalidade. Dos ternos mega-bem-cortados dos executivos às roupas de brechó dos habitantes da Soul kitchen, fica tudo muito coerente com a proposta. Pelo que li, a figurinista Katrin Aschendorf é mais uma da turminha do diretor pois participou de todos os seus filmes.

É isso.
Então até a próxima sessão em partes!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Parte de um roteiro: Abraços partidos

The doorbell rings:

CHON: The police!
PINA: Shush, how could it be the police?! No one knows you’re here!
CHON:I am a woman who attracts attention, Pina. Since I was a little girl…
PINA:Just pretend you’re here for coffee…

Pina limps toward the door, uncertain. (Behind it she will find new adventures). She looks back, toward Chon, half-smiling, tired but charming, filled with understanding and a love for life, with all its emotions and its contradictions. It’s with this half-smile on Magdalena’s face that the sequence arrives at its end

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Coisas para se fazer ao sair do cinema : Preciosa

                             
1 - Voltar urgente para a dieta
2 - Agradecer a Deus pela família que se tem
3 - Acreditar que tudo é possível (Mariah Carey ser atriz, por exemplo)
4 - Usar sempre camisinha
5 - Assumir as condições da vida e superá-las, não fugir delas
6 - Esperar menos da Assistência social
7 - Respeitar menos os Estados Unidos
8 - Acreditar mais na educação
9 - Não molestar os gordinhos (eles podem te bater)
10 - Voltar sempre ao cinema

Diretor da semana: Tim Burton

Com a chegada de sua versão para "Alice no país das maravilhas", Tim Burton ganha o título de diretor da semana.Uma breve homenagem a ele com uma retrospectiva de seus melhores momentos:

Da esquerda para direita, de cima para baixo:
1 - Os vilões-heróis de "Sweeney Todd" e o solitário de "Big fish"
2 - A caricatura de "Ed Wood"e o terror de "Sleepy Hollow"
3 - O Coringa de "Batman" e a Mulher-gato de "Batman returns"
4 - O estranho "Edward, mãos de tesoura" e os fantasmas de "Beetlejuice"

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pecado da carne (2009)



“Pecado da carne” do diretor estreante Haim Tabakman conta a história de uma relação homossexual entre dois judeus, um comerciante bem estabelecido em uma vila de Jerusalém e um jovem errante que aparece nas redondezas. A temática gay tem sido muito explorada nestes últimos anos pelo cinema. É foco de muitas produções no mundo inteiro. Dos cowboys em “Brokenack Mountain” de Ang Lee aos militantes políticos em “Milk” de Gus Van Sant, o cinema tem se dedicado a mostrar o impacto deste amor “entre iguais” em diferentes contextos e épocas. “Bublle” de Eytan Fox já tratou de fazer um Romeu e Julieta gay, contando a história de um amor homossexual entre um palestino e um israelense. “Pecado da carne” aproxima mais a lente e explora a questão dentro do microcosmo dos judeus ortodoxos em Jerusalém e adquire um caráter ainda mais plural, diferenciando-o da maioria dos outros filmes do tema. “Pecado da carne” se concentra não apenas nos problemas que a relação entre dois homens podem causar para a comunidade e a família ou para eles próprios , mas em como a ortodoxia judia lida com questões que lhe fogem a regra. Neste filme, lugar de uma relação gay, poderíamos ter um adultério ou a prática de incesto, contanto que o registro sobre a dinâmica daquela sociedade fosse revelada. Este é para mim o trunfo do filme. O título original que é “Eyes wide open” já diz muito sobre suas intenções.
Em partes:
Direção
Sei pouco sobre o diretor e o que posso dizer é que ele começou com o pé direito. O filme é muito bonito, bem narrado, tem imagens poéticas e sensíveis. As cenas de tensão e dúvida entre os dois homens prestes a se entregarem ao “pecado da carne” sugere um respeito muito grande a questão homossexual, aos dogmas judeus e por tudo mais que envolve aquele conflito entre valores e desejos. O filme é sensual sem ser apelativo. (E aquela cena da nascente? Só por ela o filme já vale muito. )Interessante: ainda que o estilo de direção seja o “artístico-cult”, do tipo cheio de silêncios e imagens metafóricas, o filme mantém uma atmosfera de suspense que deixa ele muito instigante. Muito bom.
Roteiro
Merav Doster, a roteirista, é mais uma de quem náo sei quase nada. Mas vendo o filme já temos informação suficiente para dizer que ela é uma mulher talentosa. Afinal, construir a base para uma obra tão bonita é tarefa para poucos artistas. Delicadeza e ousadia são palavras certas para falar do roteiro, a primeira pleo tratamento de todas as questões já citadas acima e a segunda pela coragem de delatar e expor seu próprio povo(claro, ela é israelita também, quem mais falaria tão bem dos judeus?). Ah, só uma observação: carne como metáfora para o desejo sexual é meio batido, né? Vamos combinar....mas ela foi salva pela direção que não deixou as tintas fortes.
ElencoZohar Strauss e Ran Danker, respectivamente o açougueiro e o o estudante, apresentam uma sintonia incrível. É o tipo de par que se pode dizer possuir “química”. Eles estão muito alinhados com as trocas de olhares, as falas, os silêncios. Na verdade, o elenco todo é muito harmônico quanto ao nível de interpretação, inclusive a atriz que faz a mulher do açougueiro. (Sabiam que o nome dela é Tinkerbell?...Como pode? Ele nasceu pra fazer a fada Sininho e está perdida em Israel?) Mas voltando aos dois, que é o que interessa, pelas minhas pesquisas, Zohar é um ator de muita tradição no cinema e na TV israelenses, mas não consigo citar nada que para mim seja mesmo relevante nos filmes que já fez, Ran, por sua vez, que curioso, é considerado um ídolo teen por lá. Independente das origens, o trabalho dos dois é excelente, com mais destaque para Zohar que chegou a ganhar um prêmio no Festival de Israel. Acho interessante como eles alternam as polaridades entre dominador e dominado. Explicando melhor : o açougueiro é mais velho e tem poder econômico, o estudante é sensual e livre,essas características sempre que necessário são utilizadas como instrumento de poder de um sobre outro, e os atores sabem transitar entre uma posição e outra sem transformar a interação dos personagens em uma batalha maniqueísta do jovem contra o velho, o pobre contra o rico ou o livre contra o preso. Eles se regulam e fazem uma ótima dupla em cena.
Fotografia
O que dizer da fotografia deste filme? Ela é bonita sem ser inesquecível, é discreta, é sobria. Imagino que de propósito ela é desprovida de luz, para se integrar com o todo. Axel Schneppat, o cara da fotografia, mostra um trabalho bem conectado com a direção, o roteiro, as interpretações..aliás, tudo é bem orquestrado neste filme, náo é? Mais um ponto para o diretor.
Figurino
Não tem muito o que falar, não é? Todo mundo igualzinho, com aquele visulazinho de judeu ortodoxo, tipos aqueles que estão sempre passeando por Higienópolis. A propósito, eu adoro o visual deles, sobretudo das crianças.
É isso.
Até a próxima sessão em partes!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Preciosa (2009)


A principal vocação do cinema americano atual é o comércio...alguém tem dúvida disso?...eu não. Apesar disso, eles estão cultuando nos últimos anos umas produções estilo “sujinho”, com roteiros mais críticos (inclusive ao american way life), visões documentaristas e personagens mais complexos. É o caso de “Pequena miss sunshine” de Jonathan Dayton e Valerie Faris , “Juno” de Jason Reitman e agora de “Preciosa” de Lee Daniels que no Brasil ganhou o subtítulo meloso “Uma história de esperança”...arrrgh!

Tenho que assumir que eles fazem esse cinema “sujinho” muito bem, todos os filmes citados acima estão entre os melhores dos últimos anos. E eu os chamo aqui de “sujinhos” porque eles dispensam aqueles cenários e personagens limpos e certinhos das comédias românticas e os heróis destemidos dos blockbusters e se dedicam a tipos mais humanos, deslocados e reais, na verdade, anti-heróis da nossa sociedade, personagens que nos cativam não por serem exemplos irreparáveis de ética e postura, mas pela forma que enfrentam as condições da vida e se superam, como a menina gordinha de “Pequena missa sunshine”, a adolescente bem resolvida com pais despreparados de “Juno” e a infeliz e sofredora garota de “Preciosa”.

“Preciosa” é um daqueles filmes que você termina pensando: “ah, como minha vida é maravilhiosa!” tamanhas são as desgraças que existem na vida da adolescente Preciosa.Basta adiantar aqui que além de ser miserável, obesa e analfabeta aos 17 anos, ela ainda é molestada pelo pai que lhe gera dois filhos, e sua mãe, ao invés de ajudá-la, a maltrata e cria uma relação baseada em ciúme e opressão.

Mas, como combinado, vamos em partes:

Direção:Lee Daniels é uma das figuras mais fortes do cinema negro norte americano. Tem uma postura quase militante quanto as questões que envolvem as minorias negras e “Preciosa” pode ser entendido como sua obra-prima no que se refere ao tema “minoria negra oprimida na América”. Antes disso ele só dirigiu um filme, chamado “Matadores de aluguel” , que não teve muita expressão e eu nem sequer assisti. Mas produziu “A última ceia” de Marc Forster que rendeu o Oscar de atriz a uma mulher negra pela primeita vez na história, Halle Berry.
Em “Preciosa”, ele se utiliza de todos os elementos do estilo filme de gueto, incluindo o ambiente decadente e marginalizado e as gírias excessivas dos negros. Mas tudo com coerência,uma vez que o filme tem esse caráter de manifesto, de denúncia ao establishment. Ele mantém um tom documentarista, uma câmera que se aproxima e se afasta do personagens como se estivesse tentando encontrar o melhor modo de captá-los, sejam eles os negros do Harlem ou os assistentes sociais e educadores. Lee deixa espaço para os atores fazerem o que precisa ser feito, não recheia a tela de imagens desnecessárias e panfletárias, não explora demasiadamente a fotografia, deixando a narrativa enxuta, sem frivolidades. Acho isso muito positivo e gosto particularmente de como ele estabelece o paralelo entre a realidade dura da protagonista e suas fantasias, como ser uma loira perfeita no espelho ou uma celebridade em seus sonhos. E desgosto daquela auto-projeção que ela faz dentro de um filme italiano. Que bobo aquilo, não acrescenta nada e fica meio piegas.

Roteiro
A história é baseada no livro “Push” da poetisa Saphire, baseado em fatos reais presenciados por ela em instituições sociais americanas. A partir disso, o roteiro de Geoffrey Fletcher parece cumprir seu intuito que, mais que mostrar a condição dos negros pobres nos EUA, como enfatiza o diretor, tenta deflagrar a condição ineficiente da assistência social do país e ilustrar a alienação moral que a sociedade se encontra, com mães psicóticas em frente a TV e adolescentes que acreditam em fama e red carpet como salvação da vida. O roteiro não poupa o espectador, é cruel, ríspido e não cai no melodrama barato. O texto é rico de sentimentos, evita chavões e clichês e consegue seu objetivo que é dar uma alerta geral para o que existe por trás da beleza americana e ainda deixar a todos com uma sensação de nojo e repúdio ao sistema. Muito bom.

ElencoChegamos ao ponto forte do filme. De nada adiantaria o engajamento e a força da direção e do roteiro se não tivéssemos os veículos corretos para dar vida às vozes do Harlem neste filme. Gabourey Sidibe é a tradução física e psicológica de Preciosa. Seu trabalho é incrível, sobretudo para uma estreante. E incrível é o que se pode dizer também das interpretações em geral de “Preciosa”, passando inclusive por Lanny Karvitz e (pasmem!) Mariah Carey, com pequenas e notáveis participações, e chegando ao sublime em Mo´Nique como a mãe da protagonista. Sabe aquelas interpretações que você percebe a entrega da atriz ao personagem? Pois é isso que ela faz. Mo´Nique vive as pertubações de sua personagem com uma naturalidade extrema. Ela não opta pela saída fácil de criar uma mãe-monstro, uma caricatura da maldade, e faz uma mulher cruel porque é fraca, egoísta e rude porque não sabe ser de outra forma. A mãe de Preciosa acredita em suas verdades e por isso as suas ações. Mo`Nique acredita em sua personagem e por isso o trabalho é tão intenso.

FotografiaApesar do diretor não utilizar a fotografia como um trunfo da direção, ela tem um papel importante para ambientar todos no mundo do Harlem e seus personagens desgraçados. Os tons são cinza e pastel sempre, deixando claro que o lado B do american way life não tem muito brilho. Andrew Dunn é responsável pela fotografia e faz neste filme o mesmo que fez em “Assassinato em Gosford Park” de Robert Altman, elabora a imagem a partir dos atores. A fotografia dá continuação a movimentação dos personagens. No filme de Robert Altman, ele expandia a elegância de Helen Mirren pelo resto da tela, aqui em “Preciosa” ele deixa a dor e a desordem íntima de Gabourey e Mo´Nique se confundirem com o underground do bairro em que vivem.

Figurino
Não conheço bem o trabalho anterior de Marina Draghici, a responsável pelo look de Preciosa e companhia, mas confesso que gostei muito do que vi. Considero difícil criar um figurino com personalidade para um filme contemporâneo, mas percebi muita adequação ao visual Harlem neste trabalho. Couro e streetwear não poderiam faltar, mas intercalados com momentos quase non-sense, fazem um conjunto interessante de composições. Ou ninguém reparou naquele macacão do cotton estampado que Mo`Nique usa enquanto dança em frente a TV? O que é aquilo, gente? Non-sense demais. Sem falar que, embora seja um elemento complementar em quase todo o filme, o figurino adquire função na narrativa quando o cachecol vermelho de Preciosa é entregue de presente para sua vizinha, uma garota indefesa e sofredora, como se Preciosa estivesse resolvido não mais carregar o fardo da vida que levava e passar a vez para a próxima infeliz. Lembram disso? Bem simbólico, não acham? Um ato de libertação e auto-reconhecimento na dor do outro. E em vermelho sangue, Valentino, gostei muito disso.

É isto.

Até a próxima sessão em partes!

domingo, 25 de abril de 2010

Primeiro post ou Para que você me entenda

Cinema é diversão e reflexão, às vezes cultura de massa, outras, arte para poucos. Cinema é imagem, é texto, contexto e interpretação. É catarse e integração, fuga e encontro. Cinema é uma experiência que pode passar sem força para os que não estão atentos e para outros, que, como eu, param, observam e se envolvem, pode ser uma epifania, um insigth, uma idéia nova, outra leitura do mundo, porta para outra dimensão....ou uma ajuda para o sono chegar mais rápido.
Abri este espaço para compartilhar as experiências que o cinema tem me proporcionado. Para cada filme que eu assistir, comentarei o que acho, gosto ou não gosto, sinto ou não sinto durante a sessão.
Tratarei os filmes sempre "em partes", por isso o título deste blog. São cinco as partes que me interessam para comentar: (1)direção, (2)elenco, (3)roteiro,(4)fotografia e (5)figurino.
Também farei as listas que adoro com os melhores, os piores e o que mais for possível ser listado no cinema. E falarei dos atores, das premiações e de tudo que achar pertinente ser comentado em torno da sétima arte.
Comentem e critiquem, o importante aqui é trocar impressões, ok?
Para este post de abertura, escolhi a imagem de "Bonequinha de luxo" de Blake Edwards sobre a qual quero comentar mais tarde por aqui.
Até a próxima sessão em partes!!